Atlantica assumirá operação de hotéis administrados pela Transamerica em novembro

A Atlantica Hospitality International assumiu (no dia 1 de novembro) a operação dos hotéis administrados pela Transamerica Hospitality Group (THG), braço de administração da rede de hotéis Transamerica e parte do Conglomerado Alfa.

O negócio, fechado na sexta-feira passada, unirá a segunda maior administradora de hotéis do país (Atlantica, com 22.443 quartos em 2020) com a oitava maior (Transamerica, com 4.304 quartos).

Eduardo Giestas, presidente da Atlantica, explicou que o racional do negócio é a busca por escala. “São 24 hotéis, mais três no pipeline (que devem ser inaugurados entre o fim deste ano e início do ano que vem)”, disse, em conversa com o Valor.

A empresa conseguirá ainda entrar em novas praças (como Campo Grande, Sinop e Sorriso), e fortalecer seu negócio em outras (entre Recife e Curitiba). Com o passo, o grupo fechará o ano perto de 27 mil quartos e cerca de 170 hotéis sob sua administração. A líder do mercado é a Accor, com 38.449 quartos no fechamento de 2020.   

“A marca Transamérica terá acesso ao canal de vendas da Atlantica, assim como a base de hospedes recorrentes da ordem de 7 milhões e 100 mil clientes corporativos”, disse o executivo. A Atlantica terá o direito de explorar e desenvolver, com exclusividade, a marca Transamerica. 

Beny Fiterman, presidente-executivo das empresas não financeiras do Conglomerado Alfa, explicou que o grupo terá participação nos resultados da operação. “A gente buscou, a princípio, eficiência de resultados, seja para clientes ou investidores. E a Atlantica trouxe esse mote de redução de custos e aumento de receitas. Vamos participar dos resultados deles em um negócio com mais escala”, disse, em conversa com o Valor. 

Em setembro, o Valor mostrou que após a morte do banqueiro Aloysio Faria, em setembro de 2020,  as herdeiras do banco Alfa e de uma dezena de empresas, entre elas o negócio Transamerica e a C&C (de materiais de construção), estavam se estruturando para avaliar o futuro dos negócios fundados por seu pai. A fortuna é estimada em R$ 1,7 bilhão.  

Fiterman ponderou que o acordo não envolve os hotéis Transamerica Resort Comandatuba e Transamerica São Paulo, que são propriedades do grupo (assim, não ligadas à THG) e continuarão sob o guarda-chuva do Conglomerado Alfa. 

O executivo lembrou ainda que o mercado tem retomado a força depois do pior da pandemia. Diante disso, o grupo já estuda retomar as operações hoteleiras do Transamerica São Paulo em 2022 — o negócio foi hibernado em meados de março desde ano diante dos efeitos da segunda onda de covid-19.

Embora a Atlantica seja o segundo maior player do Brasil, o grupo responde por apenas 5% do inventário de quartos do país. Dessa forma, o negócio não carece de embates com órgãos reguladores, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). 

Giestas destacou que o passo segue em linha com o plano de crescimento da Atlantica por aqui. “A nossa tese de investimentos é que existe um potencial muito grande no mercado do Brasil. E estamos aqui como consolidador. A gente entende que a gente precisa crescer. E crescer não é fim, é meio. Em ser grande, eu consigo capturar várias sinergias”, disse. 

Em 2020, a Atlantica comprou a mineira Vert Hotéis, assumindo os 23 empreendimentos da rede no Brasil. O Valor do negócio não foi revelado. 

“Queremos chegar a uma oferta de 40 mil quartos até 2025 e para atingirmos esse objetivo, fizemos o mapeamento do mercado, que é bastante pulverizado, seguindo o modelo sinérgico de aquisições e parcerias estratégicas”, disse Giestas.

O executivo acrescentou que o setor, depois de chegar a perder 90% da sua ocupação no pico da crise, começou a ganhar corpo. “Os níveis de ocupação no Brasil já estão voltando em média para patamares de 50 a 55%, sendo que 65% (do pré-crise) é o que queremos retomar (nacionalmente)”, disse.

Há uma diferença grande entre os negócios, com o lazer muito favorecido. Os segmentos de viagens corporativas e hotéis em grandes cidades, na contramão, continuam bastante prejudicados.