Tarifa aérea média é a maior desde 2013

Levantamento da Anac mostra que preço médio do bilhete doméstico foi de R$ 529,93 no 3º trimestre

A vontade de voltar a viajar é algo presente na população depois do caos da pandemia. No entanto, os preços das passagens estão cada vez mais impeditivos. A tarifa aérea média doméstica real (corrigida pela inflação) no terceiro trimestre de 2021 foi de R$ 529,93, com alta de 45,3% na comparação com 2020 e de 12% frente a igual período de 2019.

Os dados foram divulgados ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A tarifa registrada é a maior para um terceiro trimestre desde 2013, quando a média foi de R$ 533,29 (valor também corrigido).

A Anac destacou que o mercado neste ano está bastante diferente do que foi no ano passado. Somente a demanda por transporte, medida em passageiro, quilômetros pagos transportados (RPK), aumentou 143,5%, já a taxa de aproveitamento dos assentos das aeronaves teve variação positiva de 4,9%, para 81,4% no trimestre.

O número de passageiros pagos transportados no período saltou de 6,8 milhões para 17,2 milhões.

Entre as principais aéreas do país, o maior salto na tarifa média no trimestre ante 2020 foi o da Gol, com alta de 54,2%, para R$ 534,72. Já a Latam apresentou alta de 44,1% (R$ 476,06, a menor tarifa média do trimestre).

Na Azul, o salto foi de 37,2%, para R$ 598,96 - embora o salto tenha sido menor, a empresa tem a maior tarifa média entre as líderes. Em yield, o índice das empresas Azul, Gol e Latam aumentou, respectivamente, 42,6%, 79,2% e 48,4%.

No trimestre, o yield (o valor médio por quilômetro pago pelo passageiro) registrou alta em todas as unidades da federação na comparação com o ano anterior, segundo a Anac.

O aumento mais significativo no yield foi para os passageiros domésticos com origem ou destino o Distrito Federal, com avanço de 22,6% no terceiro trimestre. Já o menor aumento foi de/para Rondônia (+1,4% no yield).

Em termos de valor, o menor yield foi para voos com origem ou destino no Acre (de R$ 0,2577 por km) e o maior foi apurado em Minas Gerais (de R$ 0,4712).

No período de janeiro a setembro de 2021, 5,1% das passagens foram comercializadas com tarifas aéreas abaixo de R$ 100 e 42% abaixo de R$ 300. As passagens acima de R$ 1.500 representaram 2,2% do total.

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) manifestou ontem sua preocupação com a disparada no preço do querosene de aviação (chamado de QAV). No acumulado de janeiro a outubro, o derivado aumentou 71% na comparação com 2020. Somente em outubro, o preço do QAV subiu cerca de 20%. O combustível, historicamente, corresponde a um terço das despesas do setor.

Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, o litro do derivado de petróleo ficou 56,6% mais caro na comparação com igual trimestre de 2020. A taxa de câmbio foi 2,8% inferior em igual base.

A Abear afirmou que o aumento do QAV supera o dos dois combustíveis mais comercializados no país, a gasolina e o diesel, que apresentaram altas de 44,8% e 57,1%, respectivamente, entre janeiro e outubro.

“A alta do QAV em 2021 ilustra a pressão que os custos operacionais estão exercendo sobre as companhias aéreas em um momento de recuperação da pior crise da história da aviação”, afirmou o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico. 

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