Depois de comprar 50% da ConectCar do Grupo Ultra na semana passada, por R$ 165 milhões, a Porto Seguro tem como objetivo adentrar cada vez mais no segmento financeiro, segundo contou Marcos Loução, vice-presidente de produtos financeiros da empresa, ao Valor.
“Somos uma empresa que tem produtos de créditos lucrativos. O que queremos agora é talvez ser uma opção dentro de todas as fintechs no mercado. E por que não a gente ser uma opção ao banco tradicional?”, disse. No primeiro trimestre deste ano, a empresa registrou um volume de R$ 10,4 bilhões em sua carteira de operações de crédito, crescimento de 29% na comparação com igual trimestre de 2020.
A ConectCar é uma aquisição bastante estratégica dentro do universo da Porto Seguro e seria uma sinalização ao mercado de que o grupo quer ser visto como uma opção para além de seguros, disse o executivo.
Hoje, a Porto detém um terço do marketshare de seguros automotivos, oferece financiamento de carros, além de refinanciamento de imóveis e um cartão de crédito, com 2,1 milhões de usuários.
A sinergia é que motivou o negócio com o grupo Ultra, que ainda carece de aprovações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Banco Central – esta última que dificulta qualquer estimativa de prazo para o veredicto.
Hoje, cerca de 6,5% dos clientes de cartão de crédito da Porto usaram o meio de pagamento para quitar tags e poderiam se tornar clientes da ConectCar. Atualmente, cerca de 20 mil clientes do cartão já usam o serviço da ConectCar via parceria prévia ao negócio.
Paralelo, a empresa aposta ainda em levar a tag a parte dos seus 5 milhões de segurados Auto. “Apenas com 20% da base de segurados no automóvel, conseguimos dobrar o número de clientes da ConectCar”, disse.
A transferência de clientes no caminho oposto também é verdade. “A tag está num veículo que pode ser segurado nosso”, explicou. O outro sócio da ConectCar é o Itaú, que também tem participação na Porto.
O setor de tags tem uma avenida de crescimento pela frente, que foi sustentada pelo distanciamento social na pandemia e a demanda por meios de pagamento sem contato. Sozinha, a ConectCar tem 9% do mercado de passagens automáticas em rodovias.
Felix Cardamone, presidente da ConectCar, disse que há um ano a penetração de passagens automáticas estava na casa de 50% nas rodovias, porcentual que hoje está perto de 58%, segundo dados da Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovias (ABCR). “A gente acredita que o mercado consegue chegar a 70%”, disse.
A força, explicou, vem de ações também do governo federal par a incentivar o uso de tags, como o desconto nos pedágios na passagem automática (que tem sido usado nas novas concessões, a exemplo do lote Piracicaba-Panorama, em São Paulo), assim como o chamado free flow, que é quando o passageiro irá pagar apenas pelo quilômetro percorrido, sem a necessidade de pedágios.
Depois de um período crítico, há um cenário melhor no horizonte, com o avanço da campanha de vacinação. Hoje, a ConectCar tem 1,1 milhões de clientes. Mesmo sem o grupo Ultra como sócio, a empresa manterá a parceria com a Ipiranga para a venda das tags na rede AmPm. A rede de conveniência responde, em média, por 25% das vendas da ConectCar. “O canal de distribuição é relevante e complementar a nossa estratégia. O que temos agora é outra possibilidade ao fazemos parte do grupo da maior seguradora de veículos do Brasil”, disse.
A empresa quer conquistar uma fatia do mercado de carteira digital, mas pretende brigar no lado que conhece melhor: mobilidade. Hoje, o grupo tem parcerias com diversas empresas, como Burger king, para usar a tag em pagamentos em drive-thru, além de shopping e estacionamentos.
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