‘Por ora, estamos fora” de comprar a Latam, diz presidente da Azul

Rodgerson disse que a Azul pôs à mesa de negociação, em 11 de novembro, um plano que previa um aporte de US$ 5 bilhões

O presidente da Azul, John Rodgerson, disse, neste domingo ao Valor, que o plano de recuperação judicial apresentado pela chilena Latam Airlines na sexta-feira atingiu um valor muito caro. “Chegou a um nível que a gente acha que não vale. Especialmente quando a gente olha para o mercado internacional”, disse.

Sobre a intenção de comprar uma parte ou toda a Latam, o executivo respondeu: “Estamos fora. Por enquanto, estamos fora. Mas acho que vamos ter oportunidade nos próximos meses”.

A oportunidade, na visão do executivo, está relacionada com os desafios a serem enfrentados pela Latam para conseguir a aprovação dos credores de seu plano. O presidente da Azul diz que o plano prioriza muito o acionista (uma visão mais focada na lei do Chile) e deixa os credores em segundo plano, sendo que pela lei dos Estados Unidos, onde corre o processo de recuperação judicial da Latam, os credores deveriam ter prioridade.

Na madrugada de sexta-feira, a Latam divulgou seu plano de reestruturação com uma injeção prevista de US$ 8,19 bilhões ao grupo por meio de uma combinação de capital novo, títulos conversíveis e dívida. 

Rodgerson disse que a Azul pôs à mesa de negociação, em 11 de novembro, um plano, elaborado junto a credores da chilena, que previa um aporte de US$ 5 bilhões (US$ 4 bilhões dos credores e US$ 1 bilhão dos acionistas da Azul). Os credores que se juntaram à Azul representavam algo perto de 30% da dívida da Latam e o aporte era encabeçado pelo fundo de investimento Moelis & Company.

O presidente global da Latam, Roberto Alvo, disse no sábado que a Azul chegou a fazer uma proposta, mas que ela era “incompleta e insuficiente”.

Rodgerson argumentou que a razão pela qual a chilena apontou o plano como incompleto foi por não tratar do direito preferencial para o acionista. “Temos o melhor plano para os credores, mas não é o melhor para os acionistas”.

O executivo tem dado muitas sinalizações na direção da importância de consolidação para o mercado brasileiro. Assim como a Latam, a família Constantino, controladora da Gol, já deixou claro que em uma possível consolidação do mercado a Gol será compradora e não vendedora.

“Há várias formas de avançar, como fizemos com o codeshare com a Latam, ou joint venture com pequenos operadores. Para ter uma consolidação total tem de ter alguém para vender e alguém para comprar. Vamos ver o que vai acontecer com a Latam, quem vão ser os novos donos dela”, disse o presidente da Azul. O codeshare que havia sido negociado entre Azul e Latam foi desfeito neste ano.

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