Os pilotos e comissários vinculados ao Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) aprovaram, na tarde desta quarta-feira, o início de greve da categoria diante das disputas acerca da nova Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) com o Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea).
A greve vai começar à 0h do dia 29 de novembro, em todo o país, por tempo indeterminado. Segundo o sindicato, em respeito à sociedade e aos usuários do sistema de transporte aéreo, os aeronautas farão a paralisação de 50% dos tripulantes por dia, enquanto os outros 50% permanecerão em serviço. O setor tem papel central no transporte de insumos para o combate à pandemia – como a própria vacina.
O Snea foi procurado para comentar o tema, mas ainda não retornou o contato da reportagem.
A categoria rejeitou, em votação realizada no dia 17 de novembro, a proposta feita pelas companhias aéreas para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho.
“O pleito é, simplesmente, a recomposição inflacionária dos últimos 24 meses. Haja vista que a categoria aceitou reduções de salários desde o início da pandemia e é boa a situação das empresas nesse momento de retomada. A Azul tem a maior liquidez da sua história, a Gol efetuou a maior desalavancagem desde sua fundação e a Latam atingiu a maior redução de custo em mais de 10 anos", disse Ondino Dutra, presidente do SNA.
Segundo o SNA, o a entidade patronal teria adotado postura considerada pela categoria como temerária ao negar a manutenção das cláusulas atuais da CCT. O sindicato das aéreas estaria brigando ainda pela flexibilização de diversos itens da convenção. Os aeronautas pediram reajuste considerando o INPC dos últimos 24 meses. Já o Snea alega que desde o início da pandemia da covid-19 as empresas aéreas já acumulam um prejuízo bilionário e trabalham na retomada das operações para restabelecer patamares pré-crise.
A CCT, instrumento coletivo de natureza trabalhista, aplica-se a todas as companhias de transporte aéreo no Brasil e para todos os aeronautas. Ele é negociado há mais de 45 anos entre os dois sindicatos e tem cerca de 60 cláusulas que abordam especificidades para esse tipo de trabalho.
As aéreas estão retomando gradativamente a operação depois dos graves impactos da pandemia. Em meados de junho deste ano a Azul já conseguiu atingir 100% da oferta doméstica que tinha no pré-pandemia - ou seja, 2019. Já a Latam espera retomar por completo a oferta doméstica até o final deste ano, com estimativa de crescer 5% em janeiro contra igual mês de 2019. Na Gol, o cenário é de se aproximar ao pré-pandemia também no fim deste ano.
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