Petróleo e dólar deixam aéreas no vermelho

Azul informou ontem que o prejuízo líquido aumentou 79% para R$ 2,1 bilhões no terceiro trimestre

Diante do esforço para retomar a operação e deixar a casa arrumada para uma guinada na demanda no fim do ano, assim como a alta de custos com combustível, as aéreas tiveram um salto no prejuízo líquido no terceiro trimestre. Há forte otimismo com os últimos meses de 2021, mas fatores como petróleo e dólar elevado mantêm um estado de cautela.

A última a divulgar seus resultados foi a Azul, ontem, com um prejuízo líquido de R$ 2,196 bilhões, alta 79% nas perdas na comparação anual. O resultado da empresa foi bem visto por analistas e os papéis chegaram a subir mais de 8% no pregão.

O presidente da Azul, John Rodgerson, passou otimismo com a retomada do mercado no quarto trimestre, cuja estimativa da aérea é elevar em 20% a sua oferta na comparação com 2019 e ter algo perto de mil voos por dia. Segundo o diretor de receitas da Azul, Abhi Manoj Shah, a empresa conseguiu antecipar em um trimestre sua meta de retomar os níveis pré-pandemia ao crescer a oferta doméstica em 8,8% entre julho e setembro contra 2019.

Mas o combustível continua subindo e no terceiro trimestre foi 28,6% mais caro do que antes da pandemia. O diretor vice-presidente financeiro da Azul, Alexandre Malfitani, destacou que a empresa mantém sua meta de atingir R$ 4 bilhões de lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (Ebitda) no ano que vem. “Mas a probabilidade de fazer esse total é mais baixa (com o combustível e o dólar elevados)”, disse. Mesmo assim, o grupo espera um ebitda em 2022 maior do que em 2019 - que foi de R$ 3,6 bilhões.

A Latam, com sede no Chile, reportou um prejuízo líquido de US$ 691,9 milhões no trimestre, alta nas perdas de 20,7% na comparação com igual período de 2020. No trimestre, a aérea transportou 11,5 milhões de passageiros, três vezes maior do que um ano antes, mas ainda assim 39% abaixo do pré-pandemia.

Roberto Alvo, presidente do Latam Airlines Group, defendeu que, apesar dos desafios, a empresa está começando a colher frutos de suas iniciativas de eficiência. O grupo tem um desafio adicional, que é conversar com credores para resolver o processo de recuperação judicial em andamento nos Estados Unidos. A aérea tem até o dia 26 de novembro para apresentar seu plano - o prazo é aguardado pela Azul, que disse que fará uma oferta aos credores da chilena pela operação no Brasil ou até mesmo por todo o grupo.

A Latam também tem feito o dever de casa e conseguiu reduzir o seu custo unitário (Cask) em 52% no trimestre na comparação com 2020 (na Azul a queda foi de 34,6% e na Gol, de 15,7%).

A Latam espera retomar quase 90% da sua oferta doméstica no Brasil em novembro contra igual mês de 2019. Somadas todas as suas filiais, o Grupo Latam prevê retomar até 62% da sua oferta total em novembro contra o pré-pandemia.

Já a Gol seguiu o mesmo caminho ao sinalizar um bom quarto trimestre depois de ter um prejuízo líquido de R$ 2,53 bilhões no terceiro, alta de 46,9% no ano. “Agora podemos projetar com confiança uma recuperação total no primeiro trimestre de 2022”, disse o presidente da aérea, Paulo Kakinoff, em teleconferência.

A empresa transportou 4,99 milhões de passageiros no terceiro trimestre, alta de 91,7% no ano, mas 49% abaixo do registrado em igual período de 2019. Ancorada na demanda no quarto trimestre, a Gol espera fechar o período com receita de R$ 2,6 bilhões, alta de 40% contra 2020 A estimativa é chegar perto da retomada total já em dezembro.

No geral, Gol e Azul tem apostado fichas no seu processo de renovação de frota para cortar custos, sobretudo com combustível. No lado da Gol, A empresa fechou o terceiro trimestre com 129 aeronaves e espera receber mais uma até dezembro, número que deve chegar a 150 em 2025. Até lá, o grupo espera ter 50% da frota composta pelo Boeing 737 Max - mais moderno.

Já a Azul espera concluir até 2026 a renovação de 100% da frota de Embraer E1 para E2. O grupo, entretanto, ainda não apresentou um plano exato com o cronograma para o processo. A aérea terminou o terceiro trimestre com uma frota contratual de 179 unidades, sendo 56 são E1 e 9 são E2.

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico.

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