Mercado de eventos registra demanda forte e custos em alta

Companhias do setor de eventos de grande porte informam que operação está 40% mais cara do que antes da pandemia

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No total, cerca de 350 mil eventos deixaram de acontecer no ano passado por causa da pandemia. (Foto: San Sebastian/Divulgação)

O setor de eventos começa a ganhar força, com o avanço da vacinação contra a covid-19. De um lado, a retomada tem sido marcada por uma forte demanda por ingressos. De outro, organizadores informam uma disparada nos custos para se realizar um evento, que hoje está cerca de 40% mais caro do que antes da pandemia.

Segundo dados da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), o setor registrou um faturamento de R$ 270 bilhões em 2019, montante que caiu 33% no ano passado por causa da pandemia — os negócios foram parcialmente sustentados pelos dois primeiros meses, antes da covid-19 tomar conta do país. No total, cerca de 350 mil eventos deixaram de acontecer em 2020.

“Vemos uma melhora no mercado. A grande maioria dos Estados sinalizou um Ano Novo praticamente sem restrições. São Paulo mesmo vai liberar pista de dança em novembro”, diz o presidente da Abrape, Doreni Caramori. Ele ponderou que há ainda limitações em algumas regiões, como Ceará, João Pessoa (PB) e Belo Horizonte (MG). 

O Grupo San Sebastian, de Salvador, está otimista. O seu primeiro evento de grande porte desde o início da pandemia será na virada do ano, em Natal (RN), com estimativa de reunir cinco mil pessoas por dia em cinco dias. Cerca de 60% dos ingressos já foram vendidos. O carro-chefe da empresa são os blocos de Carnaval como os de Ivete Sangalo e Aline Rosa, tradicionais na festa de Salvador. 

“Tivemos aumentos em todo tipo de custo, como locação de palco, iluminação”, diz o presidente do San Sebastian, José Augusto Vasconcelos. Segundo ele, na média, organizar um evento hoje está 40% mais caro.  

O executivo estuda criar uma estrutura fixa na cidade de São Paulo diante do fechamento de algumas casas por causa da crise. O grupo baiano iniciou uma parceria com o empresário Marco Antônio Tobal, dono de empreendimentos paulistanos como Espaço das Américas, Villa Country e Audio Club. “O projeto [de ter uma operação fixa em São Paulo] vai depender do sucesso dos eventos que estamos organizando”, diz Vasconcelos.  

A retomada dos negócios também é registrada pela pernambucana Carvalheira, cujo principal evento é o Carvalheira na Ladeira, em Olinda, que reúne cerca de 40 mil pessoas em cerca de cinco dias de folia no Carnaval. “Já vendemos cerca de 40% dos ingressos (para 2022)”, diz Geraldo Bandeira de Melo, sócio da agência de eventos.  O grupo também tomou um susto com o aumento de custos. Apenas nos tecidos, usados para a fabricação de abadás, a empresa registrou uma alta de 90%. “Isso sem contar bebidas, que também subiram”.  

A Carvalheira realizará um evento na véspera do feriado do dia 2 de novembro, chamado Borogodó, em Porto de Galinhas (PE). A ideia é reunir até 3 mil pessoas em uma estrutura com capacidade para 10 mil. “Já vendemos 75% dos ingressos e estamos sendo muito criteriosos nas medidas sanitárias”, disse Melo.
 
Os custos também estão altos em Natal (RN), onde a Destaque Promoções prevê realizar o Carnatal em dezembro. A estimativa é reunir entre 80 e 100 mil pessoas em quatro dias. Somente nas estruturas metálicas, a alta é superior a 40%. “O ano de 2020 foi o primeiro em 30 anos que o evento não aconteceu”, diz Roberta Duarte, diretora de marketing da Destaque. 

A empresa 30E, que está organizando um show de rock metaleiro,  o Knotfest, para dezembro de 2022 na cidade de São Paulo, já vendeu cerca de 60% dos ingressos. A retomada dos negócios levou o grupo a receber um aporte de R$ 400 milhões de investidores, entre eles o Fundo Flowinvest, disse Gustavo Luveira, vice-presidente de marketing da 30E. A empresa fechou ainda uma parceria com a BonusTrack Entretenimento, do produtor Luiz Oscar Niemeyer, que trará diversos artistas internacionais ao país no ano que vem. 

“A demanda está muito forte. Vamos viver quatro anos em dois. As pessoas estão ansiosas por experiências ao vivo”, disse Luveira.

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico.

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