O transporte de passageiros via modal aéreo tem mantido sua tendência de recuperação mês a mês. E com isso volta a ganhar forma a disputa por mercado entre as companhias, com a Latam, que ficou na liderança em outubro pelo terceiro mês consecutivo. Com o feito, a chilena tem desbancado a Azul, que desde o início deste ano tem lançado esforços para retomar sua operação e em junho já atingiu recuperação total na oferta de assentos.
O dado mais recente, divulgado ontem pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aponta que a demanda no mercado doméstico brasileiro (medido em receita por passageiro por quilômetro, ou RPK) apresentou queda de 16,4% em outubro na comparação com igual mês de 2019.
O número mostra uma melhora contra setembro, quando o recuo havia sido de 17,8% em igual base de comparação. No pico da crise, em meados de abril de 2020, a retração chegou a superar os 90%.
Já a capacidade oferecida pelas companhias aéreas em assentos por quilômetro (ASK, na sigla em inglês) apresentou queda de 16,7% em outubro. No total, foram transportados 6,4 milhões de passageiros, um recuo de 23,9% na comparação com igual mês de 2019.
A ocupação das aeronaves foi de 84,3%, queda de 0,3%. No mercado internacional, a demanda por transporte de passageiros se contraiu em 67,4% contra 2019, enquanto a oferta (ASK) apresentou queda de 60,6%.
Pelo terceiro mês seguido a Latam manteve a liderança no mercado doméstico. Em outubro, a companhia respondeu por 37,8% dos passageiros transportados. A aérea foi seguida pela Azul, com 31,9%, e pela Gol, com 29,8%.
Em carta divulgada ontem, o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, disse que a empresa espera registrar uma alta de 5% na oferta de assentos em janeiro de 2022 na comparação com igual mês de 2019 - antes dos efeitos da pandemia. “Esperamos fechar o ano de 2021 com a volta de quase 100% da oferta total de 2019”, acrescentou. A empresa está em recuperação judicial (chapter 11) nos Estados Unidos.
O executivo acrescentou que a companhia já voa regularmente para 47 destinos no Brasil, três a mais do que o pré-crise. Mais dois destinos devem ser adicionados em dezembro, além de seis outros no primeiro trimestre de 2022. “Prevemos lançar mais 10 novos destinos no Brasil até o fim de 2022”, disse.
Dany Oliveira, diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) no Brasil, reforçou a retomada gradual do setor. Ele lembrou que a demanda doméstica cresceu 7% em relação a setembro de 2021 e 51% se comparada a outubro de 2020.
“Já passamos pelo pior da crise. O caminho para a recuperação começa a aparecer e a aviação mostra sua resiliência mais uma vez”, disse. Oliveira destacou que o país precisa agora eliminar algumas âncoras que travam o setor aéreo, entre elas o combustível de aviação e insegurança jurídica. “Esta pandemia nos mostrou como é difícil viver em um mundo com o transporte aéreo limitado e restrito”, acrescentou.
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