KPMG traça perfil do fraudador de empresas

Segundo o levantamento, 80% das infrações vieram de profissionais do gênero masculino

Uma pesquisa da KPMG traçou o perfil do fraudador nas empresas brasileiras. Segundo o levantamento, 80% das infrações vieram de profissionais do gênero masculino. Em 73% dos casos, os autores tinham entre 26 e 45 anos.

A pesquisa, primeira do gênero no Brasil, ouviu 120 empresas entre janeiro de 2020 e junho de 2021. Juntas, o faturamento delas representou cerca de 4% do PIB do Brasil em 2020. Os principais segmentos de negócios foram de mercados industriais, serviços financeiros, consumo e varejo, e outros serviços.

No geral, 45% dos respondentes indicaram que o fraudador tinha de um a quatro anos de empresa. Para 34%, o tempo era acima de seis anos. No total, 72% dos participantes indicaram ter feito até 50 investigações de fraudes em 2021.

Um dado que chamou a atenção é a discrepância entre a pesquisa realizada em 2016 globalmente pela KPMG. No levantamento anterior, o percentual entre 26 e 45 anos envolvidos nas irregularidades era de 51%. Houve uma redução significativa na faixa etária de 46 a 55 anos, passando de 31% (global) para 14% no Brasil.

Segundo Emerson Melo, sócio-líder da área de forensic & compliance da KPMG no Brasil e América do Sul, a pandemia é um fator que tem jogado ainda mais luz sobre a importância de ferramentas robustas de prevenção.

“Uma empresa bem estrutura tem todos os mecanismos digitas e fez a transição sem traumas. Uma empresa pouco estruturada, e foram muitas, não teve resposta rápida”, disse.

Melo destacou ainda que o debate público foi tomado pelo tema pandemia, o que deixou em segundo plano investigações envolvendo fraudes e corrupção.

O item “relacionamento atípico com terceiros” (contratos com vantagem indevida, por exemplo) foi um dos comportamentos mais vistos pelas empresas nos fraudadores (43% dos entrevistados usaram essa ferramenta para encontrar as irregularidades).

O segundo item mais usado (citado por 36%) foi o monitoramento do estilo de vida incompatível do funcionário - ao esbanjar, por exemplo, viagens luxuosas em redes sociais.

Por outro lado, as principais motivações para os fraudadores, segundo o levantamento, foram atingir metas corporativas (38%), omitir erros (31%) ou obter ganho pessoal (27%).

Segundo o levantamento, 21% identificaram o trabalho remoto como um facilitador para fraudes. Há espaço para um desvio no dado, segundo a KPMG.

Segundo Melo, o objetivo da KMPG é fazer o levantamento no Brasil ao menos uma vez a cada dois anos. Os dados serão divulgados hoje durante o KPMG Compliance Summit, evento online que vai até amanhã marcando o Dia Internacional de Combate à Corrupção - dia 9.

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico. 

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