As ações da aérea Latam reagiram mal ontem ao balanço do terceiro trimestre divulgado pela empresa na madrugada de terça-feira. A aérea, que está em recuperação judicial nos Estados Unidos, fechou em queda de 4,35% no mercado de balcão americano, a US$ 1,54, e de 1,09% na bolsa de Santiago, a 1.220 pesos chilenos.
A empresa reportou um prejuízo líquido de US$ 691,9 milhões no trimestre, alta nas perdas de 20,7% na comparação com igual período de 2020. Em 2019, antes dos efeitos da pandemia, a empresa havia registrado um lucro de US$ 86,265 milhões. O resultado foi influenciado pelo maior custo com manutenção e despesas de reestruturação, além dos efeitos persistentes da pandemia.
A receita total fechou o período em R$ 1,3 bilhão, alta de 156,1% na comparação anual, mas ainda assim 50,7% menor do que o período pré-pandemia.
Roberto Alvo, presidente do Latam Airlines Group, argumentou em nota que a operação continua se recuperando. “Já estamos vendo os frutos de nossas iniciativas de eficiência, que nos permitirão nos posicionar como um grupo altamente competitivo, uma vez finalizado o nosso processo do Capítulo 11 [da lei de falências americana]”, disse.
Em relação à operação, a Latam retomou 49,7% da oferta de 2019 (medida em ASK), impulsionada pelas operações domésticas e um aumento de 75% na oferta em relação ao segundo trimestre de 2021. A expectativa do grupo é fechar o ano operando com mais de 65% da oferta consolidada (medida em ASK) em comparação com os níveis de 2019.
O custo unitário (Cask, custo por ASK sem considerar a variável combustível) diminuiu 18,3% em comparação com o segundo trimestre deste ano, para US$ 0,74, apesar de maiores custos de manutenção e uma recuperação mais lenta da operação internacional.
Segundo a equipe do Citi, em relatório, a Latam reportou resultados fracos, abaixo das estimativas já pessimistas do mercado. A recomendação é de venda e o preço-alvo de US$ 0,80 a ADR. A casa destacou que uma despesa líquida de juros maior do que o esperado e um crédito tributário menor afetaram o resultado dos lucros.
Como a Latam Airlines segue negociando um caminho de recuperação, o Citi afirmou ter uma confiança modesta de que suas operações podem melhorar no longo prazo, já que a empresa reduziu custos e elimina rotas não lucrativas.
“Por outro lado, temos dúvidas significativas sobre por que os investidores devem ver o patrimônio como atraente. A dívida líquida do balanço patrimonial, juntamente com as reivindicações relacionadas à falência, é muitas vezes maior que o valor de mercado de hoje”, afirmou o relatório.
A Latam tem apontado consistência na sua retomada nos mercados domésticos, sobretudo no Brasil, em que a aérea hoje já atende mais destinos do que antes da pandemia. Atualmente, a empresa já retomou mais de 82% da sua oferta no Brasil.
O desafio da aérea, entretanto, é a sua maior exposição ao mercado internacional, cenário que é diferente das suas concorrentes por aqui, Azul e Gol. (Com Allan Ravagnani)
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