Grupo de credores questiona plano da Latam em tribunal de Nova York

Entre os credores a abrir divergência estão a Lufthansa, a petroleira Repsol e o banco BNY Mellon

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Depois de 18 meses de negociação, a Latam divulgou no final do mês passado seu plano de reestruturação. (Foto: Felipe Menezes-Inframerica)

Em documentos apresentados à justiça de Nova York na quarta-feira, um grupo de credores da companhia aérea chilena Latam questionou o plano de reorganização apresentado pela empresa para sair do Chapter 11 (lei de recuperação judicial dos Estados Unidos).

A avaliação desse grupo, que representa cerca de 30% das dívidas reconhecidas pela empresa no processo de recuperação, é de que a proposta da Azul seria mais benéfica aos detentores de créditos. Já a Latam rebate ao dizer que tem um plano “robusto” e com forte aprovação entre os credores.

Depois de 18 meses de negociação, a Latam divulgou no final do mês passado seu plano de reestruturação com uma injeção prevista de US$ 8,19 bilhões ao grupo por meio de uma combinação de capital novo, títulos conversíveis e dívida.

A proposta foi apoiada pelos acionistas da empresa (Delta, Qatar e a família Cueto) e um grupo de credores. Segundo a Latam, a proposta conta com o sinal verde de 70% dos credores da empresa - suficiente para ser aprovada quando de fato o documento entrar em votação.

Entre os credores a abrir divergência estão a Lufthansa, a petroleira Repsol e o banco BNY Mellon, que já demonstraram insatisfação com o rumo das negociações em outras ocasiões.

No documento, os credores afirmaram que o plano seria ilegal perante a legislação norte-americana. Entre os pontos destacados para justificar a tal ilegalidade, eles apontaram que a proposta da Latam privilegia os acionistas em detrimento dos credores. A argumentação dos credores segue em linha com o que tem dito o presidente da Azul, John Rodgerson, sobre o plano da concorrente.

“Em vez de usar os últimos 18 meses para negociar e preparar um plano de maximização de valor que trata a todos de forma justa e de acordo com a lei de falências, os devedores usaram sua oportunidade exclusiva para negociar um acordo interno não confirmado às custas dos credores não preferenciais”, escreveram os representantes dos credores não preferenciais”, escreveram os representantes dos credores.

Eles argumentam à corte de falências de Nova York que haveria melhores opções à mesa. A estimativa é que o plano da Latam seja validado pela justiça dos EUA para votação até 27 de janeiro. Até lá, a Latam continua com exclusividade nas conversas com credores. 

A Latam chegou a pedir extensão no prazo a um grupo específico de credores, o que motivou o lado insatisfeito a tentar quebrar a exclusividade da empresa na negociação, abrindo alternativas ao plano da chilena.

“A corte não precisa especular sobre quais distribuições aos credores seriam em tal cenário, porque um adquirente estratégico - Azul - já se ofereceu para comprar os negócios da chilena por US$ 13 bilhões”, apontaram. A proposta da Azul, segundo esse grupo, traria aos credores sem garantias um retorno mais do que três vezes superior do que o proposto pela Latam.

Quando a Latam apresentou seu plano de recuperação, o CEO da empresa, Roberto Alvo, foi questionado acerca da investida de sua concorrente aqui no Brasil. Segundo ele, a proposta da Azul seria “incompleta e insuficiente”.

Rodgerson, presidente da Azul, argumentou, então, que a razão pela qual a chilena apontou o plano como incompleto foi por não tratar do direito preferencial para o acionista. “Temos o melhor plano para os credores, mas não é o melhor para os acionistas”.

Em nota, a Latam disse que conta com um plano robusto e que tem o apoio de 70% dos credores sem garantias, da matriz e dos acionistas que possuem mais de 50% do capital. “A LATAM sairá mais competitiva e fortalecida quando finalizado o processo de Capítulo 11, que seguirá seu curso normal com um cronograma específico que dependerá do Tribunal”, disse.

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