GPA planeja investir R$ 1 bi no Brasil este ano

Os recursos serão obtidos com a venda de lojas ao Assaí e imóveis ao fundo FII SuccesPar Varejo

O diretor-presidente do GPA, Jorge Faiçal, disse que o grupo ainda percebe vendas (em volume) mais fracas neste início de ano, após um Natal abaixo do esperado. Mas ele afirmou que a empresa vai aumentar os investimentos nos negócios de supermercados e no braço digital no país em 2022.

Ontem, durante a Live do Valor, Faiçal disse que há um plano de investimento de R$ 1 bilhão no Brasil em 2022, versus um valor perto de R$ 750 milhões no ano passado. Esse montante é 15% inferior ao apurado em 2019, antes da pandemia, que congelou gastos no varejo em geral. 

“Para 2022, considerando que a empresa diminuiu mais ou menos 25% no seu tamanho [pela saída da operação de hipermercados], deveríamos gastar R$ 550 milhões, mas projetamos R$ 1 bilhão”. Ao se considerar Brasil e Colômbia, a soma atinge por volta de R$ 1,2 bilhão.

O investimento será sustentado com parte dos recursos obtidos na venda de 71 lojas ao Assaí e 17 imóveis ao fundo FII SuccesPar Varejo, que movimentaram R$ 5,2 bilhões. “Na prática, entre 2022 e 2024, vamos gastar entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,5 bilhão no desenvolvimento do nosso próprio negócio. Mas, dessa soma, parte significava deve ser aplicadas neste ano”. Ele diz que a operação de venda dos hipermercados deve gerar um lucro não recorrente “substancial”, ainda não informado.

Entre os investimentos previstos para 2022 está a conclusão da reforma de 185 lojas Pão de Açúcar até dezembro e continuidade da expansão operacional do Pão de Açúcar e do Minuto Pão de Açúcar. Há ainda previsão de aportes para melhorar a infraestrutura digital.

Nessa braço on-line, estão incluídos o projeto para que as lojas do Pão de Açúcar vendam pelo WhatsApp nas próximas semanas - serviço comum entre os pequenos mercadinhos de bairro - e a entrega da compra on-line em até 15 minutos, numa parceria com o iFood. Para isso dar certo, a cesta a ser comprada deve ser limitada.

Apesar do cenário macroeconômico incerto, o plano é acelerar os projetos de varejo de olho no longo prazo, após a decisão de sair dos negócios de hipermercado e da cisão do Assaí.

O executivo disse que na divulgação de resultados do quarto trimestre, no dia 23, deve apresentar planos mais claros para aberturas. Mas reforçou a expectativa de abrir 100 lojas novas de Minuto e 100 Pão de Açúcar entre 2022 e 2024. O executivo disse ainda que o novo GPA sem o braço de hipermercados será menos “hard sell” [vendas agressivas], focando na estabilidade de preços.

Faiçal destacou que os investimentos são de longo prazo e não são decididos com base em um cenário “macro” pontual. Desde o segundo semestre, cadeias de varejo e o atacarejo de alimentos sentem a perda de vigor no consumo. Ele diz que o faturamento bruto do grupo em janeiro subiu um dígito na comparação com igual mês do ano passado. Na contramão, o volume de vendas caiu entre 10% e 11% em igual base.

“O setor vem sofrendo desde meados de 2021 uma combinação de dois fatores. Inflação de alimentos de dois dígitos e o bolso dos consumidores diminuindo. Os salários estão mais baixos e o desemprego ainda está alto”, destacou.

A queda no volume de vendas, disse, afeta todo o mercado. “Isso não foi diferente no Natal, cujo volume foi um pouco melhor do que 2020, mas muito abaixo do eu esperava”. O grupo virou o ano com estoque de produtos (itens como panetone e carnes) acima do projetado.

Apesar do ambiente, o executivo sinalizou otimismo para o primeiro semestre.

Questionado sobre a hipótese de saída de mercados na América do Sul - como o controlador Casino chegou a dizer em 2020, mencionando Uruguai e Argentina - Faiçal disse que a empresa, apesar de não ter pressa, está disposta a desinvestir para aplicar melhor seus recursos. Analistas levantam hipótese de o grupo vender o braço colombiano do Éxito.

“Eventual agenda de venda de ativos fora do país continua sempre ativa. Estudamos hipóteses, mas nada concreto. Os ativos estão valorizados abaixo do que consideramos preço justo. Se um dia aparecerem boas propostas a um bom preço por que não?”. 

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico (Com Adriana Mattos)

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