Depois de dois anos no Brasil, a startup FlixBus, controlada pela empresa alemã FlixMobility, prepara-se para iniciar sua operação efetivamente em dezembro. Desde 2019, a startup tem conversado com diversos agentes do setor público e possíveis parceiros entre empresas de ônibus. A operação começa em parceria com o Grupo Adamantina, presente em nove Estados. A FlixBus ainda tem no radar a possibilidade de fazer aquisições no Brasil.
Ontem, a controladora FlixMobility anunciou a compra da Greyhound, maior provedora de transporte de ônibus de longa distância dos Estados Unidos, da FirstGroup. O negócio envolveu US$ 172 milhões em dinheiro, parte dele a ser usado para pagar dívidas e arrendamentos da Greyhound. Em 2019, o grupo também fez uma aquisição na Turquia, a Kamil Koç, uma das mais antigas no setor e segunda maior no país.
No Brasil, a parceria com a Adamantina permite à FlixBus colocar o pé em mercados centrais como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A empresa, fundada em 2013, opera em 37 países e levantou, em junho deste ano, US$ 650 milhões (entre participação acionária e dívida) com investidores — transação que avaliou a companhia em US$ 3 bilhões. Seu último dado de faturamento disponível, de 2018, mostra vendas globais de US$ 650 milhões, crescimento de 37% sobre o ano anterior.
O modelo de negócios da startup consiste em trazer para sua plataforma empresas de transporte rodoviário que possuem licenças. À Flixbux, caberá a parte de vendas, marketing e precificação. Ao operador, cabe a parte operacional e de manutenção.
“O Brasil é extremamente regulamentado, mas é um mercado longe de ser aberto”, disse Edson Lopes, o diretor Brasil da FlixBus. Segundo Lopes, há conversas com parceiros além do Grupo Adamantina, que devem ser anunciadas em breve.
No total, a startup alemã separou US$ 100 milhões para investir no Brasil em cinco anos e os aportes devem começar a ganhar velocidade com o início do negócio. O modelo da FlixBus busca atrair sobretudo o pequeno e médio operador, que não tem condição de investir em uma infraestrutura para venda digital.
Diferentemente da concorrente Buser, a FlixBus não opera com fretamentos, apenas com parcerias com viações de linhas regulares. Com isso, pretende ficar fora das polêmicas que têm envolvido a rival. Empresas tradicionais têm processado a Buser argumentando que seu modelo de fretamento coletivo se assemelha ao das viações regulares intermunicipais e interestaduais — serviço que é regido por outra legislação e precisa de autorizações específicas.
A Buser compara a resistência das empresas tradicionais a dos taxistas quando aplicativos como Uber e 99 surgiram e cresce no Brasil. Em junho, levantou uma captação de R$ 700 milhões e anunciou planos de aplicar até R$ 1 bilhão em dois anos na operação.
Apesar de desviar da polêmica no fretamento, a FlixBus sabe que ganhar corpo no país não será uma tarefa fácil e mantém no radar oportunidades de aquisição. No médio prazo, a empresa quer ter suas próprias licenças para operar no Brasil.
“Dentro da frente de ter licença com o nosso nome, assumindo que o marco regulatório do setor (que regula, por exemplo, o regime de autorizações) demore a sair, a gente tem possibilidade de comprar uma empresa que já tem autorização ou concessão, ou empresa que já tem documentação em estágio avançado”, afirmou. “No Brasil a gente não tem intenção de ser dono de frota. Se for necessário, ser dono de pequenas frotas”, acrescentou.
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