Flixbus inicia vendas de passagens no Brasil; primeira viagem será em 1º de dezembro

Fundada em 2013, startup opera em 37 países e levantou, em junho deste ano, US$ 650 milhões com investidores.

Depois de dois anos no Brasil, a startup FlixBus, controlada pela empresa alemã FlixMobility, iniciou nesta quarta-feira as vendas de passagens no mercado brasileiro. Conforme divulgado pelo Valor em outubro, a companhia tem como parceiro no início da empreitada o Grupo Adamantina, presente em nove Estados. O início da operação está marcado para o dia 1º de dezembro. 

São duas rotas iniciais: São Paulo – Rio de Janeiro e São Paulo – Belo Horizonte. “Já temos outras linhas fechadas com a Adamantina, entre quatro ou cinco rotas fechadas e relevantes. No geral operando no eixo Sul e Sudeste”, disse Edson Lopes, diretor Brasil da FlixBus, em evento de inauguração em São Paulo na manhã desta quarta-feira. Inicialmente, vão ser oito frequências por dia de São Paulo para o Rio em cada trecho e SP-BH são quatro. O grupo ainda estuda parceria com outros operadores. 

Lincon Lourenço da Silva, diretor executivo do Grupo Adamantina, contou que a empresa opera hoje 58 rotas (considerando intermunicipais também) e uma frota de 450 veículos (sendo 115 voltadas para a operação rodoviária e o restante fretamento). “O que enxergamos de diferente foi a tecnologia que eles [Flixbus] trazem para o mercado. Isso colocaria a gente no mesmo patamar dos demais, pelo menos no que a gente entende de mercado digital”, disse. As conversas para a parceria começaram em meados de setembro. 

A Flixbus, fundada em 2013, opera em 37 países e levantou, em junho deste ano, US$ 650 milhões (entre participação acionária e dívida) com investidores — transação que avaliou a companhia em US$ 3 bilhões. Seu último dado de faturamento disponível, de 2018, mostra vendas globais de US$ 650 milhões, crescimento de 37% sobre o ano anterior. 

O modelo de negócios da startup consiste em trazer para sua plataforma empresas de transporte rodoviário que possuem licenças. À Flixbux, caberá a parte de vendas, marketing e precificação. Ao operador, cabe a parte operacional e de manutenção. 

A empresa aposta em conquistar o mercado brasileiro com uma mistura entre serviços melhores do que os concorrentes e preço mais baixo – um combo complexo de se fazer. Uma vez que seus parceiros são operadores regulares, a Flixbus, ao contrário de concorrentes como a Buser, terá obrigações na sua operação como gratuidade de passagem e embarque em rodoviária (que elevam os custos).

O negócio vai começar com um lote promocional de dez mil passagens com 99% de desconto, custando menos do que R$ 1,00. Após a venda inicial, os tickets serão comercializados a partir de R$ 19,90. Mas o executivo destacou que o processo de precificação dos bilhetes será dinâmico (assim como é feito nas companhias aéreas, ou seja, cada vez maior a procura, maior o preço). 

Na contramão da Buser, a FlixBus não opera com fretamentos, apenas com parcerias com viações de linhas regulares. Com isso, pretende ficar fora das polêmicas que têm envolvido a rival. Empresas tradicionais têm processado a Buser argumentando que seu modelo de fretamento coletivo se assemelha ao das viações regulares intermunicipais e interestaduais — serviço que é regido por outra legislação e precisa de autorizações específicas. 

No total, a startup alemã separou US$ 100 milhões para investir no Brasil em cinco anos e os aportes devem começar a ganhar velocidade com o início do negócio. O modelo da FlixBus busca atrair sobretudo o pequeno e médio operador, que não tem condição de investir em uma infraestrutura para venda digital. 

Reportagem originalmente publicada no Valor Econômico. 

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