As companhias aéreas brasileiras têm mantido um bom ritmo de retomada do mercado depois dos graves impactos provocados pela pandemia. Em janeiro, Latam e Azul superaram o nível pré-pandemia, enquanto a Gol se recupera a cada mês. Hoje, a maior incerteza é a ômicron, que levou a Latam a apontar um cenário mais cauteloso em fevereiro diante das contaminações da tripulação.
A Latam registrou uma alta na demanda de passageiros de 3,6% em janeiro na comparação com igual mês de 2019. Já a oferta saltou 3,4% em igual base. Os números foram divulgados ontem pela empresa, que liderou o mercado doméstico no ano passado. O grupo, por sinal, tem conseguido bons frutos no seu processo de recuperação judicial (chapter 11) nos Estados Unidos.
Para fevereiro, entretanto, a empresa espera recuperar até 97% da sua oferta doméstica de assentos contra fevereiro de 2019. A empresa disse que pode fazer ajustes nas projeções a depender do desenrolar da pandemia no país.
A cautela tem um motivo. A empresa divulgou nesta semana que em função do recente aumento de casos de Covid-19 e de Influenza, precisou cancelar no Brasil cerca de 8% dos voos domésticos e internacionais programados pela companhia no país desde o dia 9 de janeiro.
O cenário também prejudicou as outras empresas aéreas e levou a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a liberar uma redução temporária no número de comissários em alguns modelos de aviões.
A Azul, que também sofre com a contaminação de tripulantes, registrou em janeiro um aumento de 11,6% na demanda (medida em receita por passageiro por quilômetro, ou RPK) na comparação com janeiro de 2021. Já a oferta (em assentos por quilômetro disponíveis, ou ASK) saltou 4,8%. Contra igual mês de 2019, muito antes da pandemia chegar, a demanda saltou 26,3%, enquanto a oferta avançou 23,3%.
A empresa foi a primeira a alcançar os níveis pré-pandemia, já em meados do ano passado. A Azul tem dobrado sua aposta na aviação regional via Azul Conecta, que voa com Cessna Caravan com nove assentos.
A Gol também tem buscado retomar sua operação, embora com mais cautela do que suas concorrentes. Em janeiro, registrou um salto na oferta de 22,2% na comparação com janeiro de 2021, já a demanda avançou 21,5%. Contra igual mês de 2019, o mercado para a aérea está 8,5% menor em termos de oferta e 10,5% menor em demanda.
A companhia tem um modelo de negócio de frota única Boeing, que são aviões maiores. Encher as aeronaves em momentos de crise tem sido um desafio em todo o mundo, mas a Gol desde o início da pandemia tem surpreendido analistas ao conseguir manter elevados níveis de ocupação. Em janeiro, a ocupação da aérea foi de 82,8%, contra 83,3% em igual mês de 2021 e de 84,6% em 2019.
O mercado internacional das empresas tem sido um desafio à parte, com muitas fronteiras ainda fechadas ou com um turista mais receoso. Nas rotas internacionais a partir do Brasil, a Latam prevê recuperar em fevereiro até 49% da sua oferta de assentos (ASK) e já restabeleceu voos para 19 destinos.
O cenário se repete no mundo. Segundo dados mais recentes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), a demanda por transporte aéreo apresentou queda de 58,4% em 2021 contra 2019. Separando por mercados, a demanda internacional caiu 75,5% em 2021, enquanto no doméstico o recuo foi de 28,2%. Por aqui, dados da Anac apontam que a demanda doméstica fechou 2021 com uma queda de 27,8% contra 2019.
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