Demanda da CVC cresce, mas ataque hacker prejudica negócios no 4º tri

Empresa ficou 15 dias com sistemas comprometidos em outubro, o que influenciará resultados.

Após uma pandemia que deixou praticamente no zero o mercado de turismo nacional e internacional, a CVC está otimista e diz ter hoje ventos favoráveis pela primeira vez desde o início do caos sanitário. O quarto trimestre da maior agência de viagens do país, entretanto, terá um percalço: o ataque hacker sofrido pelo grupo no início de outubro.

O presidente da CVC, Leonel Dias de Andrade Neto, destacou que o mercado deverá atingir “seguramente” os níveis de reserva domésticas de antes da pandemia ao final do quarto trimestre, assim como 70% do pré-pandemia no internacional. “Vacinação é realidade e demanda por viagens está cada dia mais forte”, disse, em conversa com o Valor.

As reservas domésticas da empresa, em setembro, representaram 92% do observado no mesmo mês de 2019. No mercado internacional, o porcentual foi de  44% em igual base. A CVC registrou prejuízo líquido atribuído aos controladores de R$ 81 milhões no terceiro trimestre, queda de 61,8% em um ano em meio à retomada de reservas de viagens.

O executivo destacou ainda boas perspectivas para 2021 com a retomada dos eventos corporativos. “Os hotéis de São Paulo estavam satisfeitos com a Fórmula 1 neste final de semana”.

O ataque hacker sofrido pela CVC no início de outubro, entretanto, deixou tudo mais nebuloso. “Ficamos 12 dias completos sem operar, ou 15 dias com operação muito prejudicada. Se a gente considerar 15 dias, perdemos 1/6 do trimestre de negócios”, disse Andrade, em conversa com analistas para comentar os resultados.

O executivo disse ainda que a prioridade do grupo no momento é reestabelecer o número de lojas depois do impacto grave da pandemia. Antes, a empresa tinha cerca de 1,4 mil lojas (quase totalidade de franquias), número que hoje está perto de 1,2 mil. A retomada não deverá ser concluída antes de 2023.

Já o diretor de finanças e relações com investidores da CVC, Marcelo Kopel, disse que a empresa deverá reduzir os custos com reembolsos diante da reabertura de mercados internacionais importantes, como Estados Unidos e Argentina.

“Com a reabertura do internacional, temos oportunidade de que as pessoas com crédito ou que solicitaram reembolso possam fazer o que elas realmente queriam: viajar”, disse. O volume de reembolsos processados no terceiro trimestre gerou um impacto de R$ 30,8 milhões ao final do período —  o principal alvo de reembolso foram as viagens internacionais.

Andrade destacou ainda que a CVC não tem interesse em realizar um aumento de capital hoje. “Os acionistas já fizeram aumento substancial. E na prática capitalizaram e salvaram a companhia”, disse.

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico.

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