Cruzeiros são suspensos até o dia 21

Os cinco navios em operação na costa brasileira registraram casos de covid; antes da suspensão, estimativa era transportar 370 mil turistas entre novembro passado e março deste ano

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Costa Diadema apresentou níveis elevados de contaminados por covid-19 e foi impedido de operar pela Anvisa. (Foto: Costa/Divulgação)

Depois da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter recomendado a interrupção da atual temporada de cruzeiros marítimos devido aos surtos de covid-19 em cinco navios que operam na costa brasileira e da Casa Civil ter feito uma reunião na manhã de ontem para discutir o assunto, as empresas do setor anunciaram à tarde a suspensão de novos embarques até 21 de janeiro.

Isso significa que as viagens em curso dos navios Preziosa e Seaside, da operadora MSC, e o Fascinosa, da Costa Cruzeiros, podem ser terminadas. Estes três navios apresentaram casos de covid, mas em níveis não tão preocupantes quanto os registrados no MSC Splendida e no Costa Diadema. O Splendida, na tarde de domingo, foi impedido de navegar. O Diadema também foi interditado. A suspensão para novos embarques até 21 de janeiro foi divulgada ontem pela Clia Brasil, braço da associação internacional que representa grupos como MSC e Costa.

Na noite de ontem, a Anvisa atualizou o cenário epidemiológico a bordo das embarcações: 829 casos confirmados de covid-19 entre tripulantes e passageiros, de 1º de novembro até 3 de janeiro, nos cinco navios que operam no país - três da MSC e dois da Costa. A agência ressaltou que o aumento “vertiginoso” de casos desde 26 de dezembro, provavelmente devido ao surgimento da variante Ômicron, motivou sua recomendação.

Na manhã de ontem, o governo federal reuniu representantes de diversos ministérios para discutir a recomendação da Anvisa. Em nota conjunta, a Casa Civil e os ministérios da Saúde, da Justiça e Segurança Pública e da Infraestrutura informaram que o encontro contou com a participação de representações de Estados, municípios e das empresas.

Os cruzeiros tiveram suas operações suspensas no Brasil em 19 de março de 2020, diante do agravamento da pandemia. Naquela época, diversas embarcações fizeram quarentena na costa brasileira após relatos de infectados, sobretudo em navios cargueiros.

Em outubro de 2021, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 2.928/20 que autorizou viagens de cruzeiro a partir de novembro com a adoção de procedimentos de segurança. A Anvisa reforçou e complementou parte dos protocolos.

Para a temporada 2021/22, o setor estimava transportar 370 mil turistas. Em 2019/20 foram 470 mil. Os navios, desde novembro passado, devem respeitar uma taxa de ocupação de até 75%.

O cenário para a atual temporada, agora, está incerto. A estimativa anterior era movimentar R$ 1,7 bilhão na economia, além da geração de 24 mil empregos. Segundo projeção feita pela Clia Brasil junto da FGV, cada navio gera em torno de R$ 350 milhões de impacto para a economia brasileira. A cada 13 turistas em um cruzeiro, um emprego é gerado. O setor ainda não contabilizou o impacto financeiro da suspensão parcial das viagens.

Antes da crise sanitária, o mercado de cruzeiros no Brasil estava começando a ganhar corpo depois do seu ápice, na temporada 2010/11, quando 20 navios operaram por aqui (contra cinco nesta, embora os navios de hoje sejam maiores), transportando cerca de 800 mil turistas.

As operadoras de navios acabaram indo a outros mercados como Chile e países asiáticos.

Sobre a suspensão de novos embarques, até 21 de janeiro, a Clia informou que “está trabalhando, em nome das companhias de cruzeiros que operam no país para buscar alinhamento com as autoridades do governo federal, Anvisa, Estados e municípios nos destinos que operamos em relação às interpretações e aplicações dos protocolos operacionais de saúde e segurança que haviam sido aprovados no início da atual temporada, no mês de novembro”, informou a associação.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse ontem que a decisão das companhias deve-se ao cumprimento dos protocolos sanitários definidos pelo governo: “Nós tínhamos uma portaria que oferecia segurança para realização dos cruzeiros e previa situações como essa, de ter [o aumento de] casos de covid. Ali, já tinha toda a normativa.  Se as companhias de cruzeiros estão fazendo isso, naturalmente porque estão observando o que está escrito na portaria”.

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico. Com Rafael Bitencourt. 

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