Com Icon, Voar amplia negócios na região Sudeste

Somente com a aquisição a empresa levou nove hangares, sendo quatro em Congonhas e dois em Santos Dumont.

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Antes, quase 100% da receita do grupo vinha dos serviços voltados aos proprietários; agora fretamento representa metade do negócio. (Foto: Divulgação)

Após a compra  da Icon Aviation, de Michael Klein, em janeiro deste ano, a Voar Aviation está avançando na consolidação na região Sudeste.

“A aquisição foi um marco na história da Voar, uma vez que a região Sudeste concentra mais de 53% das operações de táxi-aéreo do País”, disse a CEO da empresa, Alessandra Abrão, ao Valor. Entre os focos agora está fortalecer os serviços de manutenção em Congonhas e o grupo já avalia novas oportunidades no Nordeste.

Abrão disse que o maior desafio da Voar era crescer no Sudeste, sobretudo na disputa por hangares – que são concessões. O primeiro passo na região foi em 2017, quando a empresa comprou a Algar Aviation e levou junto um hangar em Uberlândia, que se somou a quatro outros em Goiânia.

Somente com a aquisição da Icon a empresa levou nove hangares distribuídos pelos aeroportos de Congonhas (4), Santos Dumont (2), Juscelino Kubitscheck (1), Pampulha (1) e Sorocaba (1). Os valores do negócio não foram divulgados. Na compra, entretanto, apenas dois turboélices e dois jatos de médio porte foram envolvidos, uma vez que a frota da Icon era considerada muito cara de se manter, com aviões luxuosos e de longa distância.

Segundo a CEO, a aquisição foi estratégica, uma vez que além de dar força à Voar no Sudeste, os dois negócios são complementares. “A Icon era forte em prestar serviço ao passageiro executivo, já nosso foco era o proprietário da aeronave”.

Antes, quase 100% da receita do grupo vinha dos serviços voltados aos proprietários (como manutenção e hangaragem). Com a Icon, o fretamento agora representa 50% da receita (valores não foram divulgados).

A nova Voar, considerando a aquisição, foi responsável por 5.725 decolagens  em 2019, número que caiu para 3.875 em 2020 e deve atingir os 5 mil neste ano. A frota é de 15 aeronaves entre próprias e serviço de gerenciamento (segunda maior do país em número de aeronaves, atrás apenas da Líder Aviação).

Depois de um período de crise com a pandemia, a aviação executiva tem forte potencial no Brasil, disse Abrão. De um lado, a malha aérea comercial ainda não foi totalmente reestabelecida. De outro, o Brasil é um país de dimensões continentais e a aviação comercial acaba tendo mais força em grandes centros urbanos.

Segundo dados do Centro de gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), compilados pela Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), a aviação executiva já conseguiu se recuperar da pandemia em maio deste ano, ao registrar 29,6 mil pousos e decolagens, crescimento de 6% contra 2019. Enquanto isso, a aviação comercial doméstica segue na casa de 20% abaixo do que costumava ser antes da pandemia.

Com a entrada no Sudeste, a Voar pretende fortalecer a infraestrutura de manutenção nos terminais, sobretudo de emergência (os chamados Aircraft on Ground, ou AOG, quando um avião é impedido). “Congonhas é muito carente em manutenção. Se tiver uma emergência é difícil resolver”. Seus principais concorrentes, TAM e Líder, são mais fortes em manutenção em Jundiaí e Belo Horizonte, respectivamente. Entre as empresas que a Voar é autorizada para manutenção está a Embraer.

No horizonte, a Voar pretende chegar no Nordeste, onde ainda não tem base. Hoje, os clientes da região são atendidos em Goiás para manutenção. “O Nordeste é nosso passo natural”, disse. Já há um desenho de onde essa base poderá ser, mas o grupo prefere não divulgar.

Segundo a executiva, o mercado  é bastante pulverizado. Apenas de operadores de táxi-aéreo  são mais de 110 e haveria espaço para mais consolidações. “Chama a atenção quando alguém compra um negócio desses (Icon). Estamos sendo bastante procurados, mas não vimos empresas que tivessem a cultura organizacional e estrutura parecida com a nossa”, disse.

A executiva acrescentou ainda que o foco atualmente está em consolidar a amortizar o investimento já feito.

Esta reportagem foi publicada originalmente no Valor Econômico.

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