Com alta na gasolina, motoristas de aplicativos devolvem 30 mil veículos às locadoras

Setor sofre ainda com falta de veículos no mercado diante da escassez de semicondutores nas montadoras.

...

Hoje, o segmento aluga cerca de 170 mil veículos das locadoras.  No fim de 2020 eram 200 mil. (Foto: Divulgação)

A disparada no preço da gasolina tem dificultado a vida dos motoristas de aplicativos como Uber e 99 e levou a uma devolução de 30 mil veículos às locadoras de junho até agora, apontou a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla). Paralelo, a Abla disse que renovar frota ainda é um desafio ante a falta de veículos no mercado. Na média, o setor comprou 33.664 veículos por mês em 2021 (até setembro), queda de 25% na comparação com a média mensal de 2019.  

“Mercado para motorista ainda não está sendo retomado. Acreditamos em retomada se o preço do combustível voltar a ter patamar mais baixo. E se aplicativos reajustarem o valor da tarifa dando possibilidade para que eles (os motoristas) recomponham a renda mensal”, disse o presidente da Abla, Paulo Miguel Junior, durante coletiva na manhã de ontem.  

Atualmente muitos usuários estão com dificuldade em conseguir motoristas de aplicativos. As startups não confirmam redução de motoristas, embora as associações que representam a categoria já sinalizaram debandada.  

Segundo a Abla, os motoristas de aplicativo alugavam 200 mil veículos das locadoras no início do ano passado. Esse número chegou a cair cerca de 80% no pico da crise, entre abril e maio, mas se recuperou no fim do ano. As novas perdas passaram a chegar depois de junho deste ano, na esteira do aumento excessivo no preço da gasolina. Hoje, o segmento aluga cerca de 170 mil veículos das locadoras.  

Renovar frota ainda é um desafio para as locadoras. Com a crise, as montadoras estão pedindo entre 240 e 300 dias para entregar os veículos (antes era cerca de 90, a depender do modelo). Sem veículos no mercado, a idade média da frota das locadoras, que antes era na casa de 15 meses, hoje está em 23 meses. A estimativa é que o setor comece a se normalizar somente em 2023.  

Quem tem sofrido mais para renovar a frota são as locadoras de pequeno e médio porte. No total, são 11 mil locadoras no país (sendo que a Abla representa 800). “Tem carro chegando a 36 meses de uso”, disse Miguel. Nas líderes do setor, a idade média também subiu, mas está na casa dos 15 meses no aluguel de carros (RAC).   

O cenário levou Miguel a reforçar a preocupação da associação com movimentos de consolidação, como o da Localiza, que quer incorporar a Unidas (as duas são as maiores do país). O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) avalia atualmente o negócio.  

“O mercado de pequenas e médias não têm tido acesso a veículos”, disse. “Sempre vai existir uma diferenciação entre os grandes e os médios, é claro. Mas entre eles não pode haver essa diferença tão grande”, disse.  

O setor deve comprar 380 mil veículos neste ano, um crescimento de 5,56% na comparação com os 360 mil veículos adquiridos em 2020. Em 2019, antes dos efeitos da pandemia, as compras foram de 620 mil. 

No fim do ano passado, a Abla havia dito que o setor tinha demanda para comprar 800 mil veículos neste ano (apetite que se mantém para 2022), mas o processo de renovação de frota foi frustrado pela falta de veículos no mercado.  

Até 10 de outubro, as locadoras do país compraram 310 mil veículos. Historicamente, o setor compra 20% da produção nacional de carros todo ano. As locadoras do país acumularam frota total de 1,070 milhão de veículos, crescimento de 6,26% na comparação com o fechamento de 2020.  

Leave a reply

Post Comments(0)

No comments