Com o turismo internacional dando seus primeiros passos, começou a crescer também a demanda de brasileiros por aluguel de carros no exterior. Assim como no mercado doméstico, os preços estão bastante ‘salgados’ na esteira dos desafios enfrentados pelas montadoras, com altas que batem os 100%. Mesmo assim, a expectativa do setor é que a demanda ganhe cada vez mais corpo na medida em que a malha aérea internacional seja retomada.
Empresas como a VJV, representante exclusiva da americana Avis no Brasil, viu o tíquete médio das locações saltar de US$ 350 em 2019 para US$ 700 neste ano, disse a diretora de vendas e operações da VJV, Paola Belon.
“Realmente, foram dois anos muito complicados no mercado internacional. Tivemos até novembro as fronteiras dos Estados Unidos fechadas. O país representa cerca de 70% das nossas vendas totais. Mas já em abril vimos abertura de alguns países da Europa. Já retomamos a receita do pré-crise (diante dos preços maiores), mas não o número de vendas”, disse a executiva.
A Avis já manteve uma operação própria no país por cerca de quatro anos, mas desistiu e iniciou o modelo de parceria em 2019.
Diferentemente do mercado doméstico, em que muitos clientes passaram a conhecer a locação de veículos na pandemia, o segmento para aluguel internacional já era consolidado, uma vez que a reserva antes da viagem traz vantagens (como pagamento em reais, parcelamento e evita o IOF no cartão de crédito).
O cenário de otimismo incentivou a própria Avis a fechar um acordo com a ‘fintech’ (startup de tecnologia financeira) brasileira Nomad para oferecer descontos de até 20% no aluguel de carros nos Estados Unidos, na Europa e América Latina para os correntistas da fintech. Segundo Belon, a combinação é estratégica, por trazer sinergia, e é uma forma de fortalecer a cultura de locação de veículos em viagens internacionais.
Para o diretor de sourcing non-air (relacionamento com estabelecimentos) da Decolar, Tiago Lopes, com a pandemia, o brasileiro valorizou fatores como segurança e privacidade na hora de viajar. “O aluguel de carros já era consolidado em viagens internacionais, principalmente nos Estados Unidos e na Europa”, disse. Na plataforma da empresa, é possível alugar carro de diversas locadoras.
Lopes destacou que o setor registrou uma alta nas tarifas. Para os Estados Unidos, em média, a tarifa custa hoje a partir de US$ 420 para sete dias de locação, comparado a US$ 320 em 2019.
O executivo destacou que com a retomada das viagens internacionais, ainda que de forma gradual, o aluguel de carros nos Estados Unidos surge como um produto relevante para a Decolar. “A pandemia também mudou a forma de trabalhar, e uma tendência que veio para ficar é ‘anywhere office’ [escritório em qualquer lugar], que permite uma frequência maior nas viagens e incentiva a venda de produtos”, disse.
O reaquecimento do mercado também tem sido percebido no site de busca de viagens Kayak. Neste mês de janeiro, houve trechos cuja procura por reservas de veículos superou o registrado em igual mês de 2019, antes da pandemia - caso da França (24% de alta nas buscas), Suíça (37%) e Emirados Árabes (285%).
Segundo o Kayak, o interesse nas buscas tem demonstrado mais força em países em que as fronteiras estão abertas há mais tempo. Mas os preços têm subido em quase todos os mercados. Na França, houve aumento na diária média de 22% em janeiro deste ano frente a igual mês de 2019, para R$ 408. Nos Emirados Árabes, a alta foi de 121% (para R$ 416). Nos EUA, cuja frequência de buscas ainda está 33% abaixo do que costumava ser, os preços ficaram 32% maiores em janeiro deste ano na comparação com 2019, para R$ 340.
Na CVC, o cenário para a locação de carros no exterior também é favorável. Sylvio Ferraz, diretor-executivo de sourcing da maior agência de viagens do país, destacou que os serviços de locação no geral cresceram muito na pandemia, puxados pelo mercado doméstico.
“Para se ter ideia, em 2021 houve recordes históricos de vendas de locação de carros pela CVC Corp em 3 meses - janeiro, julho e novembro -, sendo que 97% das reservas efetivadas foram realizadas para viagens domésticas”, disse. Acrescentou que em 2021 o serviço de locação de carros, considerando nacional e internacional, foi 50% acima do resultado de 2020.
No lado internacional, os principais destinos em que os brasileiros alugaram carro em 2021 foram Orlando, Miami, Cancun, Califórnia e Portugal. “O turismo internacional tende a se recuperar mais lentamente que o nacional, à medida que as fronteiras vão se reabrindo”, disse. Um desafio adicional, segundo o executivo, tem sido a alta do dólar e o cenário adverso para a fabricação de carros.
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