Com a aviação comercial ainda retomando sua malha depois do forte impacto da pandemia, assim como a busca por transporte mais privativo, os mais afortunados estão disputando cada jato disponível no mercado. O cenário também é uma realidade por aqui, o que tem levado a uma escassez de aeronaves.
Segundo dados do Centro de gerenciamento da Navegação Aérea (CGNA), compilados pela Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag), a aviação executiva já conseguiu se recuperar da pandemia em maio deste ano (alta de 6% nos pousos e decolagens contra 2019).
Em setembro, dado mais recente, foram 30,7 mil pousos e decolagens, alta de 14,6%. Na contramão, a aviação comercial registrou em setembro 88,9 mil pousos e decolagens, queda de 26,9% em dois anos. Os números nos dois casos consideram a movimentação nos 34 principais aeroportos do Brasil.
Com menos aeronaves no mercado, os clientes interessados em importar um avião estão sendo obrigados a esperar entre 12 e 15 meses, sendo que antes da pandemia o normal era um prazo entre 60 e 90 dias, disse, Luciano Sapata, vice-presidente e sócio da Sertrading, uma das maiores tradings de importação do país.
“A gente trabalha com a perspectiva que esse segmento de aviação executiva continue a crescer ainda mais. Está sujeito às intempéries da economia? Sim. Mas o Brasil é um país com dimensões continentais”, disse. A empresa importa sobretudo jatos de médio e alto valor (partindo de US$ 8 milhões a até US$ 77 milhões, maior valor até hoje, de um Bombardier) e, em menor volume, importa também helicópteros.
Para além do tamanho do Brasil, a pandemia deu uma força ao segmento. Somente a Sertrading importou R$ 1,5 bilhão em aviões e helicópteros em 2020 para cerca de 30 clientes, recorde e crescimento de 66% ante 2019. A perspectiva para este ano é repetir o resultado.
O segmento deverá representar cerca de 10% dos R$ 16 bilhões que o grupo espera movimentar neste ano – como as margens ao se importar um avião são maiores, o braço representa entre 15% e 20% do negócio da Sertrading.
A falta de aeronaves é uma realidade também enfrentada pela Flapper em seu modelo de negócio de fretamento aéreo sob demanda, disse o CEO da empresa, Paul Malicki. “Aviação de negócio está crescendo e não só no Brasil. Mas há apenas um risco: não tem avião para comprar e falta para fretar. Estamos com competição grande para conseguir”, disse o executivo.
A Flapper realiza atualmente cerca de 250 voos por mês. Com o bom momento, o grupo já atingiu faturamento de R$ 30 milhões no acumulado do ano até agora, o dobro na comparação com os R$ 15 milhões de todo o ano de 2020.
O cenário visto no Brasil não é diferente no redor do mundo. Reportagem do Financial Times mostrou que mais de 4,2 milhões de voos de jatos particulares foram feitos em 2021, segundo a firma de dados sobre aviação WingX, com recordes em cada um dos últimos seis meses. Na primeira semana de novembro, em comparação aos mesmos períodos de 2020 e 2019, houve aumentos de 54% e 19% no número de voos.
Os estoques de jatos usados estão em seu menor patamar histórico, segundo o banco de investimento Jefferies, com apenas 861 aviões à venda em outubro, metade do número disponível um ano antes, conforme apontou o jornal.
Apesar da baixa disponibilidade no lado da oferta, as vendas estão em alta. A firma de consultoria Ascend by Sirium informou que as vendas de aviões usados nos primeiros nove meses de 2021 subiram quase 10% em relação ao mesmo período de 2019. Há ainda dificuldade para encontrar peças suficientes para reformar aeronaves.
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