Apesar da guerra, demanda para viagens de negócios mostra reação

Reed & Mackay, britânica do segmento de viagens corporativas de alto padrão, fecha acordo com a brasileira TP Corporate

...

"Temos demanda por viagens. O problema é que o mercado se tornou complicado [com a guerra]”, disse Chris Truss. (Foto: Divulgação/Reed & Mackay)

A Reed & Mackay, britânica do segmento de viagens corporativas de alto padrão, chegou a movimentar US$ 1 bilhão antes da pandemia, em 2019. No ano seguinte encolheu 75% e em 2021, 60%. A guerra na Ucrânia deixou o cenário ainda mais difícil, mas a companhia diz que há demanda e que o Brasil, onde as viagens de altos executivos estão reagindo, faz parte de sua estratégia.

Comprada pela norte-americana TripActions em 2021, a Reed fechou acordo com a TP Corporate, braço especializado em viagens de executivos da agência de turismo de luxo Teresa Perez e da LTN.

“[A guerra na Ucrânia] está afetando o mercado. Mas não é tão simples. O que podemos dizer é que temos demanda por viagens. O problema é que o mercado se tornou complicado”, disse Chris Truss, diretor internacional de parcerias e sustentabilidade da Reed & Mackay, ao Valor.

Os mercados de Ucrânia e Rússia representam menos de 0,5% do negócio da Reed, mas há desafios para se organizar viagens. As duas maiores empresas aéreas do Japão, ANA Holdings e a Japan Airlines, cancelaram vários voos à Europa. Há também a disparada no petróleo - cuja cotação do tipo Brent chegou a bater máxima de US$ 139 ontem.

A novata TP Corporate, fundada em 2021, prevê atingir faturamento de R$ 20 milhões neste ano. A Reed & Mackay tinha parceria com uma agência mineira no Brasil, a MAAC. Com esta, o acordo deve continuar para administrar os clientes na conta. Mas o foco de novos negócios agora foi direcionado para a TP, que passa a concentrar a ampliação e captação de clientes.

O foco no Brasil engloba o setor financeiro, grandes escritórios de advocacia, mercado de luxo e afins. A estratégia para o Brasil está fincada na figura de parceiros e aquisições não estariam no radar. Globalmente, entretanto, a TripActions tem feito aquisições. 

No início de março, comprou a agência Resia AB, fundada em 1974 e com sede na Suécia. Com o negócio, foram três aquisições de empresas na Europa em menos de um ano - a alemã Comtravo, em fevereiro passado, e a própria Reed & Mackay, em maio de 2021. Entre as principais rivais da Reed está a Amex Global Business Travel, representada pela Flytour no Brasil.

“Estar nessa parceria nos abre oportunidade para acessar outros tipos de clientes, com contas globais”, disse Cibeli Marques, diretora de vendas e desenvolvimento de negócios da TP Corporate.

Em 2021, as viagens corporativas movimentaram R$ 4,3 bilhões no mercado brasileiro, segundo dados da Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas. A executiva disse que os voos de altos executivos (C-level) representaram 5% desse total. “Isso mostra que, embora o volume seja menor em viagens, ele representa muito em faturamento”, disse Marques. O tíquete médio da TP é de R$ 10 mil para viagens nacionais e de US$ 6 mil para internacionais.

O grupo Teresa Perez, especializado em turismo de luxo, registrou faturamento de R$ 500 milhões em 2019, número que caiu 60% em 2020 com a pandemia. No ano passado o grupo conseguiu crescer, 10% acima do período pré-pandemia, com a retomada de alguns destinos nacionais.

Reportagem publicada originalmente no Valor Econômico. 

Leave a reply

Post Comments(0)

No comments