Afya compra 12 ativos por R$ 2,1 bi na pandemia

No terceiro trimestre, grupo de educação teve receita líquida de R$ 454,4 milhões, crescimento de 46,9%.

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"Temos no ‘pipeline’ ativos de medicina que somam 2 mil vagas e que estamos analisando e tendo conversas próximas”, disse Virgílio Gibbon. (Foto: Afya/Divulgação)

A pandemia abriu uma janela forte para o mercado de fusões e aquisições e a Afya, grupo educacional com foco em cursos de medicina, está aproveitando as oportunidades. Desde julho do ano passado, foram investidos R$ 2,1 bilhões em 12 negócios.

“O mercado de M&A continua aquecido. Temos no ‘pipeline’ ativos de medicina que somam 2 mil vagas e que estamos analisando e tendo conversas próximas”, disse ontem Virgílio Gibbon, presidente da Afya. Há ainda no radar da companhia, que tem ações negociadas na Nasdaq e o grupo japonês Softbank como sócio, cerca de dez startups da área de saúde.

No terceiro trimestre deste ano, a Afya registrou um lucro líquido de R$ 57,99 milhões no terceiro trimestre, queda de 27,1% no ano, reflexo do resultado financeiro menos favorável diante de um endividamento maior para fazer frente às aquisições.

“Ano passado, a gente era empresa com mais caixa do que dívida. Este ano, devido a todas as aquisições que a gente fez, isso virou”, disse Luis Andre Blanco, diretor financeiro.

Desde julho do ano passado, a Afya comprou 12 empresas, sendo 8 startups. Considerando apenas faculdades, foram três grandes aquisições neste ano. A mais recente foi a Faculdade de Medicina de Garanhuns (FAMEG), em Garanhuns (PE), com 120 vagas. Antes o grupo comprou a Unigranrio (308 vagas) em maio, por R$ 700 milhões - sua maior aquisição - e a UnifipMoc (150 vagas).

“Devemos ter 10% de crescimento ao ano em volume de alunos até 2026, considerando o que a gente tem dentro de casa [maturação das aquisições]”, disse Gibbon. O grupo tem como meta ainda aumentar anualmente sua base em cerca de 200 vagas apenas com aquisições.
Até setembro, eram 15.977 alunos de medicina matriculados - crescimento de 67% em relação ao mesmo período de 2020 - e 19.297 alunos nas outras graduações da área da saúde. As mensalidades dos alunos de medicina e demais cursos de saúde respondem por 88% do faturamento dos cursos de graduação nos primeiros nove meses do ano.

A receita líquida no terceiro trimestre foi de R$ 454,4 milhões, crescimento de 46,9% na comparação anual. Segundo a empresa, o avanço veio com a maturação das vagas na medicina, crescimento do tíquete médio, assim como a ampliação de serviços digitais.

O desafio da empresa tem sido o seu braço de educação continuada, cuja receita apresentou queda de 44,9% no trimestre na comparação anual, para R$ 16,2 milhões, reflexo da suspensão de práticas desde o primeiro semestre de 2020. Gibbon explicou que as aulas foram retomadas em outubro e, com isso, essa linha deverá voltar a contribuir de forma positiva com os números no quarto trimestre.
“O setor de forma geral começa a ter retomada agora no segundo semestre, com a melhora no cenário de pandemia e uma situação flexível. Os alunos estão voltando para a sala de aula e isso tem efeito grande na nossa segunda linha de negócio”, disse.

Junto da divulgação dos resultados, a empresa reiterou também o seu “guidance” para o fechamento do segundo semestre deste ano. A projeção, divulgada no fim do segundo trimestre, aponta para uma margem de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado entre 42% e 44%. A receita líquida ajustada esperada para o período varia de R$ 1,72 bilhão a R$ 1,76 bilhão no período.

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